Nos anos ditos como dourados, nos quais o Brasil atravessava um momento de extremo otimismo e melhorias visíveis, um movimento surgido na elite da zona sul carioca despontava para o mundo. Era a sofisticada Bossa Nova.
Um dos grandes amantes do estilo, que tem influências notáveis do jazz americano, o professor de literatura Carlos Alberto Afonso, de 55 anos, é responsável pela Toca do Vínicius, recanto dedicado aos adoradores de Vinícius de Morais, João Gilberto e toda a galera que tinha “bossa”, como ele mesmo define. Carlos Alberto explica que a palavra “bossa” era um termo da gíria carioca que, no fim dos anos cinqüenta , significava jeito, maneira. Quando alguém fazia algo de modo diferente, original, de maneira fácil e simples, dizia-se que esse alguém tinha "bossa".
E a expressão “Bossa Nova”, empolga-se ele, surgiu em oposição a tudo o que um grupo de jovens achava superado e antigo. E para a mocidade bronzeada de Copacabana, como o próprio define, na música popular brasileira tudo era tido como ultrapassado. " A tristeza e a melancolia das letras, a repetição dos ritmos abolerados e dos sambas-canção era tudo a mesma coisa", segundo essa turma.
Diferentes harmonias, poesias mais simples, novos ritmos, assim surgiu o a "Bossa Nova". Não seria melhor nem pior. Seria completamente diferente de tudo, mais intimista, mais refinada, mais alegre e otimista.
Mas Carlos Alberto é enfático ao definir que o movimento foi muito mais que uma simples mudança de padrões musicais. Para tentar dar uma idéia da dimensão, diz adorar a frase de Ruy Castro: "Quando niguém falava em paz, saúde e ecologia, essa já era a plataforma da Bossa Nova. Hoje, quando esses temas estão na pauta das aspirações nacionais, a Bossa Nova voltou a ser a trilha sonora de um Brasil ideal", emociona-se ele.
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